O Estatuto do Aluno continua, constantemente, a ser chamado à baila e com muita razão, claro. Algo tem que ser feito, mas o pior é que, tal como já disse noutro poste anterior, todos esses assuntos são tratados dentro de gabinetes, por pessoas que não fazem a mínima ideia do que é estar ano terreno, diariamente. Esperemos, para ver o que vai sair "do ovo"...
Agora, há um assunto que é, por demais, falado, só que de uma forma evasiva ou "errada", e as coisas continuam a acontecer de forma torta e com resultados, por vezes, bem desagradáveis.
Desde há uns anos a esta parte, tenta-se responsabilizar os Pais/En carregados de Educação, procurando-se que eles participem, sempre que possível, na vida escolar dos seus filhos/educandos.
Só que, quando se começaram a envidar esforços para envolver a família na escola, alguém deveria ter explicado MUITO BEM o que isso significa, pois se há pessoas que sabem o que se espera delas, há outras pessoas menos esclarecidas, pelas mais diversas razões, que distorcem o é esperado delas e o resultado são situações completamente absurdas, caricatas e, por vezes, mesmo perigosas.
Além disso, os pais que deveriam aparecer nas escolas (até porque os professores passam os dias a solicitar a sua presença), simplesmente não aparecem e os problemas vão-se acumulando.
Cada vez mais, os alunos são tratados como criancinhas, a quem, tal como os passarinhos acabados de nascer, tudo é dado "bem mastigado", para que não precisem de ter qualquer trabalho. Inclusive, há quem exija que o professor escreva, todas as aulas, o material que o aluno deverá trazer para a aula seguinte. A noção de que o aluno deverá preparar a mochila à noite, antes de se deitar e que os pais deverão, regularmente, abrir o dossier do seu filho, para saber "como vão as coisas" e para (porque não?) ver se há folhas limpas em todas as disciplinas, é algo que existe muito pouco. Não há tempo nem vontade de ajudar os filhos. Para isso, lá estão os professores, "...esses malandros que não fazem nada!".
Os exemplos que deixo aqui, já são de 2008 (chegados por email), mas acreditem que, hoje em dia, as exigências e as respostas dos Enc. de Educ. ainda nos conseguem surpreender, quer pelo assunto tratado, quer pela incorrecção ou mesmo falta de educação (e falamos nós dos nossos alunos...).
Não falta muito pra vir escrito assim:
" DE: encarregado de educação
PARA: professora
MENSAGEM: o meu educando não leva livros porque não lhe apetece ter aulas.
ASSINATURA: o papá "
Mas eu, Fátima Brandão, já recebi isto este ano lectivo. Portanto, já não falta assim tanto.
Qualquer dia mando, na caderneta, uma mensagem aos Enc. de Educ. a dizer que não preparei e não dei as aulas que devia, porque estava muito cansada de "recuperar os alunos cansados" para estes acompanharem os outros...
Será que também poderei finalizar com... "grata pela vossa compreensão" ???? "
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