terça-feira, novembro 24, 2009

Novo Programa de Português e a TLEBLS


Depois dos Novos Programas da Matemática, chegou a vez da Língua Portuguesa.
Primeiro o PNEP para o 1º ciclo e agora, este ano, começou a formação para o PPEB, para os 2º e 3º ciclos.
Como não gosto de estar a fazer sempre a mesma coisa e procuro estar a par das novidades sobre o que, mais tarde ou mais cedo, vou ter de trabalhar, tratei de me meter na formação e eis-me a ir para Portalegre, de 15 em 15 dias, para saber do que afinal se trata o bendito do PPEB ( Programas do Português do Ensino Básico ).
A minha reacção, ao me ler o Programa e ao me aperceber da existência do Dicionário Terminológico, foi apenas uma: as TLEBS estão aí. Camufladas, com uma nova roupagem, mas lá estão elas, com aqueles termos horrorosos e noções novas, que apenas vão fazer com que o ensino do Português se torne mais complicado. Eu, que até sou do 2º ciclo, e já andei metida nas TLEBS quando elas surgiram, já não sentirei um embate tão forte, mas o pessoal do 3º ciclo tem lá cada berbicacho...

Bom, e mais uma vez andando nas minhas visitas blogueiras (creio que este termo é brasileiro), encontrei um poste que está mais do que certo, naquilo que transmite. Por isso, decidi colocá-lo aqui, já que muitas das minhas amigas, professoras de Português, vão passando e poderão lê-lo.

" FLISCORNO
Publicado em domingo, 8 de Novembro de 2009




Novo Programa de Português e a TLEBLS

Quando se poderia pensar que a TLEBS tinha sido enterrada juntamente com a anterior equipa do ME, eis que o zombie se ergue da tumba para nos perseguir de novo, numa prova acabada de que as máquinas ministeriais estão muito para além das cabeças da hidra. Foi o que fiquei hoje a saber por António Jacinto Pascoal numa crónica do Público.






******************************

Dicionário Terminológico - voltar à vaca fria
António Jacinto Pascoal - 2009-11-08

Agora, que as águas estão mais calmas, no que concerne a questões de linguística, surge-nos de chofre o Novo Programa de Português (NPP). Poderíamos pensar que estaríamos descansados em relação à arqui-designada TLEBS (Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário), porém, para quem não sabe, o NPP traz à colação o Dicionário Terminológico, nova designação para a tal terminologia linguística.


Se concluirmos (o que pode ser refutável) que o NPP em pouco acrescenta ou altera os Programas de Língua Portuguesa dos três ciclos, ficamos com a impressão - quiçá errada - de que o novo programa está ao serviço do Dicionário Terminológico (convém referir que a versão on-line, do Ministério da Educação, se encontra em http://www.dgidc.min-edu.pt/linguaportuguesa/Paginas/DT.aspx e que existe já uma edição em papel, não oficial e distinta da organização da versão do ME, editada pela Plátano Editora, de Isabel Casanova, intitulada Dicionário Terminológico, compreender a TLEBS). Se assim for, há razão para nos alertarmos e até preocuparmos. Seria, a ser verdade, uma forma pouco deontológica de impor uma verdade que, até ver, carece de consenso. Até agora, não está provado que a nova gramática seja um benefício pedagógico para os alunos: a complexidade terminológica e a distinção quase subtil de conceitos gramaticais surgem como um impedimento a uma assimilação de conceitos que, na gramática tradicional, não se poriam. Nessa gramática, não só não se esmiuçavam certas noções, como havia uma margem, ao critério dos professores (ainda que com certa base científica), para a ressalva de incongruências possíveis ou zonas de ambiguidade. Com a nova terminologia, toda a linguagem metalinguística se torna complexa, surgindo novas zonas de ambiguidade mais delicadas ou que, ao que parece, implicam a sua dose de relativismo.

Saliente-se que foram vários os protestos contra a TLEBS, surgidos essencialmente em 2006. Desde Eduardo Prado Coelho a Saramago, passando por Maria Alzira Seixo ou Manuel Gusmão (que escreveu o excelente artigo "Uma triste Vocação para o Desastre", sobre essa matéria - Expresso, 27 de Janeiro de 2007), várias foram as vozes críticas e discordantes. Passou-se a ideia de que havia, para além de critérios académicos, interesses económicos e particulares associados à implantação dessa nova terminologia.

Recordo aqui algumas palavras da cronista Helena Matos, do jornal PÚBLICO: "O monstro chama-se TLEBS. Para memória futura convém defini-lo desde já como o maior contributo dado por Portugal para a iliteracia das gerações futuras (11 de Novembro de 2006)" e "Podemos discutir interminavelmente as vantagens e desvantagens da nova terminologia. Pessoalmente considero-a confusa, desadequada e prolixa. Pode objectar-se que a terminologia substituída pela TLEBS padecia dos mesmos defeitos. Em alguns casos sim, mas em grau muitíssimo menor (18 de Novembro de 2006)". Num ponto - até porque a cronista não pode provar certas afirmações - Helena Matos está certíssima: a TLEBS (agora Dicionário Terminológico) é prolixa. Implica imensas noções para explicitar uma, tende a favorecer a minudência, é sumptuosa nas evidências. Mas isto são sinais dos tempos, num tempo em que os professores são triturados nas pilhas de papéis que também eles criaram, ou em que se concebem reuniões por matérias vácuas.

Desfolhando o Dicionário Terminológico de Isabel Casanova ao acaso, paro na página 50, onde encontro a entrada "Assassínio linguístico". Diz a referência: "Diz-se da morte linguística causada por uma língua politicamente dominante". Ora, não será mesmo disto que se fala, quando se fala de nova terminologia? De uma espécie de Novi-língua de Orwell? Estaremos assim tão perto daquele 1984? Professor"

2 comentários:

  1. Professor sofre...É verdade que algumas amigas minhas se sentem feito um hámster na roda...Será que a nova Ministra vai melhorar as vossas condições? Me dirão... Estou solidária com a classe de ensino.
    Agora sobre o post anterior,pronto já me ri.Mas é verdade,será que no fundo,no fundinho,não pensamos assim às vezes? Também queria um marido para me mimar e me fazer um chá quando estou engripada...

    Aproveito e deixo um convite: participe na Blogagem de Dezembro do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
    “O tema é: O Natal na minha Terra”
    Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. Participe. Haverá boa convivência e solidariedade!

    Jocas gordas
    Lena

    ResponderEliminar
  2. Olá amiga
    permita-me uma pequena correcção
    Não são os novos programas de Matemática, mas sim O Novo Programa de Matemática do Ensino Básico (NPMEB), pois o grande objectivo deste programa é que haja um programa para o ensino básico.
    Beijo
    detalhes

    ResponderEliminar