quarta-feira, abril 21, 2010

Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago…
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim…

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca - Livro de Mágoas

6 comentários:

  1. Muito lindo minha amiga.

    Grande beijo para você.

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  2. Obrigada, Ana, por passar por aqui.
    Um beijo também para Gilbamar.

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  3. Como gosto de Florbela, da sua sensibilidade à flor da pela tão presente na sua poesia.
    A tristeza dela é a tristeza da mulher que busca um amor pleno sem nunca o ter encontrado.

    Beijinhos

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  4. Minha querida
    Gosto muito da Florbela Espanca, já lhe chamei a poetisa da sensibilidade.
    Espero que este poema não te reflicta, hoje.
    Bjs

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  5. O poema é reflexo de uma mulher sofrida, mas uma grande poetisa.
    Lindo como expressão de sentimentos...
    A fotografia está lindíssima...
    Fica a pulga atrás da orelha. Será que é reflexo de alguma nostalgia por parte da minha amiga???
    Um beijo

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  6. Pois é, há dias assim...
    Felizmente também passam.
    Bjs

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