sexta-feira, abril 30, 2010

Texto sem a letra "A"

Já antes coloquei aqui um texto escrito apenas com palavras começadas por P. Parece impossível, mas o que é certo é que está feito e não é pequenino.
Agora surge outro texto do mesmo tipo, mas sem usar a vogal A, o que parece ser igualmente impossível. Mas, também desta vez, o resultado é surpreendente e, de novo, se chega à conclusão de que a língua portuguesa é, de facto, extraordinária!

"Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.

Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.

Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo, sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.

Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê?

Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.

Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos. "

(Autor desconhecido)

2 comentários:

  1. Impressionante! Ainda agora li num blog uma crítica ao uso de palavras e termos em Inglês e comentei:Os Ingleses têm uma palávra para várias coisas...nós temos várias para uma coisa só.Para quê pedir palavras emprestadas a quem tem tão poucas? Não é que eu não goste de Inglês, aliás adoro e sou de linguas, mas a nossa é riquissima. Par quê usar a dos outros?. Bem...é "in"...é "fashion" usar termos estrangeiros. Um beijinho, bom fim de semana e já agora..parabéns por ser mãe: que tenha um dia cheio de momentos felizes

    Emília
    Emília

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  2. Olá,

    já fiz esse exercício com os mais novos e é um exercício de escrita que exige concentração e criatividade. Mas alguns conseguem chegar lá e escrever belíssimos textos.

    :)

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