domingo, março 29, 2009

Espero o próximo choque

"Enterrem a vossa raiva, porque a vida é curta", li no jornal A Bola, referente ao jogo da semana passada, e o certo é que isto se aplica a toda a nossa vida. Mas, que às vezes é difícil, isso é!
Nunca me considerei uma pessoa de preconceitos, tenho uma mente aberta para tudo o que vai surgindo no dia-a-dia e consigo acompanhar o crescimento dos meus filhos, tentando não esquecer os tempos modernos em que vivemos (parece uma frase da série "Conta-me como foi..." ). Só que sou uma pessoa para quem o Sim é sim e o Não é não e custa-me aceitar que, agora, isso se resuma a "Nim" ou "São". Tudo é permitido, tudo parece ser certo e as consequências dos actos de quem pratica as acções parecem não interessar a ninguém.
Ultimamente, parece que o mundo anda todo doido e todos os dias aparecem notícias sobre as loucuras que as pessoas fazem e/ou pensam.
Já anteriormente referi a situação monstruosa de uma criança de nove anos estar grávida de gémeos e de como, quem a tentou proteger, ter estado no "perigo" de ser excomungado pelo Bispo, sem sequer se pôr em causa o violador da dita criança. Dias mais tarde, sabe-se que o Papa, em África, num dos países onde há mais casos de SIDA, rejeitou o preservativo como forma de prevenção a um dos maiores flagelos do nosso mundo. Como se, o facto de ser a entidade máxima da Igreja, lhe desse toda a razão. Claro que o povo não vive fechado em quatro paredes, como parece ser o caso de Sua Eminência, e logo as opiniões se fizeram ouvir.
E as aberrações continuam a surgir todos os dias...
Mas hoje, para mim foi a gota d'água: há mais um "pai" grávido, desta vez em Espanha. O primeiro caso já me custou um pouco a engolir, mas agora já começa a ser demasiado.
Em que direcção estamos a seguir? Quais serão os valores que vão restar daqui a alguns anos? Que vamos nós deixar aos nossos filhos e aos nossos netos? Que tudo é possível e que podemos pisar tudo e todos, sem regras, sem valores morais, sem nada?
Quando alguém faz a sua escolha de vida, mudando de sexo, tornando-se numa pessoa diferente do que era, deverá assumir essa mudança e viver em conformidade com a sua opção. É um direito que todos temos, seja sobre que assunto for, desde que essa liberdade de escolha não interfira na vida de terceiros. Só que, o que está a acontecer, interfere, e de forma muito séria e grave, na vida de alguém que está para aparecer no mundo, e que, no futuro, poderá vir a sofrer na pele, as consequências de quem não pensou nos seus actos.
Todos os dias ouvimos sobre actos violentos de gente que não aceita a diferença. Como será a vida de uma criança gerada pelo "pai", que afinal acaba por ser a mãe, mas que usa calças e barba na cara? Como irá (ão) essa(s) criança(s) reagir quando, na escola, lhes falarem tudo isto na cara?
Será que, no mundo em que vivemos, os pais destas crianças serão capazes de evitar que sofram da descriminação que parece tão certa?
Acreditem ou não, nem consegui jantar, depois de ouvir a notícia. Senti uma revolta tão grande por aquilo em que o mundo se está a tornar, que nem consegui engolir fosse o que fosse, por muito agradável que parecesse.
Qual será o próximo choque?

3 comentários:

  1. Cara amiga "Romicas",
    Tudo isto que aqui refere, passa-se neste mundo que se diz livre, democrata, sem preconceitos, reprovação de atitudes descriminatórias, direito à diferença, blá blá, blá,...
    Então apartir de uma certa altura, já ninguém consegue definir a barreira do que é: natural; humano; direito á diferença; liberdade religiosa ou outra; protecção à vida; protecção à criança, etc.
    Tudo está louco e confuso, sinto que ainda nos vai calhar muitos mais temas que nos vai deixar sem palavras. É só esperar para ver.
    Mas cá estamos nós "reles anónimos" para expressarmos as nossas opiniões para ajudar a melhorar a vida!!
    Continua assim que eu farei o mesmo.

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  2. O pior de tudo é que o "politicamente correcto" quase nos obriga a concordarmos com todas estas aberrações, sob pena de sermos classificados como gente anormal, antiquada ou reaccionária, com tudo o que de pejorativo esta última expressão encerra.

    De cada vez que mais uma notícia inesperada deste jaez me chega aos ouvidos, não consigo deixar de pensar no que a História nos ensina.

    O Império Romano que atingiu elevados niveis de desenvolvimento e, com ele, a procura da luxúria desenfreada como forma de experimentação de novos prazeres, a "descoberta" de novas experiências e a completa inversão dos valores até aí instituidos, acabou por cair estrondosamente.

    E caiu pela falência desses valores, não pela riqueza conseguida.

    Receio que a civilização ocidental se lhe compare, nas óbvias e devidas proporções, e que venha a ter um final semelhante de descalabro completo.

    Rui Felício

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  3. E depois do Felicio falar está tudo dito.É o máximo este rapaz.A minha Mãe sempre disse que ele era muito inteligente (eu é que não quero que ele saiba porque senão fica todo vaidoso) e tu, minha pequenina Romicas, és bem capaz de lhe fazer frente.
    Que bem fazes análise destes assuntos. Porque a vida ser curta não é o pior, o pior é ela ser dificil e não haver responsáveis que encarem essa dificuldade de forma a educar e a prevenir males maiores. Quase perdemos a esperança, e ela só volta quando gente nova, como tu, lança este grito de revolta e abertamente se manifesta contra atitudes retrogadas do Papa e quejandos
    Um abraço, Amiga.
    Vou voltar

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