sexta-feira, julho 02, 2010

Sequesso


Eu sei que este artigo já foi escrito em Março de 2008, mas o que Henrique Raposo escreveu naquela altura, prova duas coisas:

a) Continuamos a receber emails com assuntos de "há qu'anos atrás", como se fossem de ontem ou de hoje. Por isso, muito raramente encaminho daqueles que dizem "Repassa, por favor...";

b) Há assuntos que, de há um tempo a esta parte, continuam a ser notícia, a estar em cima do acontecimento, a ser válidos para a realidade que vivemos. Este é um deles!

"A pátria adora conversar sobre professores. A pátria, porém, n unca fala sobre educação. Portugal ainda não arranjou coragem para lidar com este facto : os alunos acabam o secundário sem saber escrever. Parece que os professores vão fazer uma 'marcha da indignação'. Pois muito bem. Eu também vou fazer uma marcha indignada. Vou descer a avenida com a seguinte tarja: 'os alunos portugueses conseguem tirar cursos superiores sem saber escrever'.

A coisa mais básica - saber escrever - deixou de ser relevante na escola portuguesa. De quem é a culpa? Dos professores? Certo. Do Ministério? Certo. Mas os principais culpados são os próprios pais. Mães e pais vivem obcecados com o culto decadente da psicologia infantil. Não se pode repreender o "menino" porque isso é excesso de autoridade, diz o psicólogo. Portanto, o petiz pode ser mal-educado para o professor. Não se pode dizer que o "menino" escreve mal porque isso pode afectar a sua auto-estima. Ou seja, o rapazola pode ser burro, desde que seja feliz. O professor não pode marcar trabalhos de casa porque o "menino" deve ter tempo para brincar. Genial: o "menino" pode ser preguiçoso, desde que jogue na consola. Ora, este tal "menino" não passa de um mostrengo mimado que não respeita professores e colegas. Mais: este mostrengo nunca reconhece os seus próprios erros; na sua cabeça, 'sexo' será sempre 'sequesso'. Neste mundo Peter Pan os erros não existem e as coisas até mudam de nome. O "menino" não escreve mal; o "menino" faz, isso sim, escrita criativa. O "menino" não sabe escrever a palavra 'recensão', mas é um Eça em potência.

Caro leitor, se quer culpar alguém pelo estado lastimável da educação, então, só tem uma coisa a fazer: olhe-se ao espelho. E, já agora, desmarque a próxima consulta do 'menino' no psicólogo. "

2 comentários:

  1. Ainda ontem comentámos este assunto em casa do meu filho por causa do meu netinho; na brincadeira diziamos: é preciso levar o Lucas ao psicólogo...; é que eu acho que hoje é fino dizer " o meu filho anda no psicólogo" e se for Pedopsiquiatra então aí...é chiquerrimo; aquilo que eu resolvia com uma palmadinha no meu filho e filha e hoje se resolve no Lucas, com a maioria dos pais de hoje se resolve no psicólogo; hoje as nossas crianças têm todas problemas psicológicos, o que é uma pena.Penso que quem devia ir para os psicólogos eram os pais para aprenderem a lidar com esses seres pequeninos mas com uma psicologia tremenda conseguindo dar a volta aos progenitores com a maior facilidade; parece até que já estão formados em psicologia.Um beijinho, amiga e esperemos que as coisas mudem!
    Emília

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  2. A precisar de psicólogos,muitos precisam mesmo,
    as crianças,jovens,pais e família devem ir...
    Assim é que os bons psicólogos funcionam...
    Tudo é sistémico e não linear...

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