Há um mês, a esta hora, já andava nas ruas de Bucareste.
Há uma diferença de duas horas, mas mesmo assim, chegámos, pusemos as malas no quarto e fomos para a rua. Estava frio, ameaçava chover, mas tínhamos de aproveitar todo o tempo.
Alguém nos tinha dito para irmos preparados para a decepção, mas à medida que percorríamos as ruas e olhávamos à nossa volta, não foi isso que sentimos.
Se pensarmos bem, não ouvimos ninguém dizer que vai viajar para a Roménia e, de facto, foram pouquíssimos os turistas que encontrámos nas nossas andanças. Havia excursões com pessoas das redondezas, mas deste lado da Europa ou do outro lado do oceano, muito pouca gente…
E ali estávamos nós, numa cidade que nunca tinha estado na nossa lista de prioridades, completamente abertos ao que nos ia aparecendo, cada vez que dobrávamos uma esquina. Poderei dizer que Bucareste é uma cidade discreta, tanto nos monumentos como nas cores, calma, apesar de todo o movimento de carros que, constantemente, passam de um lado para o outro, numa correria fora do normal, que nos leva a perguntar como é que não há acidentes na avenida principal…
As pessoas são amáveis, simpáticas, prestáveis, o que acaba por camuflar um pouco a falta de eficiência, talvez devido à falta de uma indústria de turismo mais desenvolvido. Porém, com um pouco de boa vontade, tudo se ultrapassa e as coisas correram todas muito bem.
É certo que, durante o tempo que por lá andámos, não conseguimos ir a todos os lados da cidade e, como sempre acontece, ficamos com a ideia de que, se pudermos voltar, ainda teremos muita coisa para ver. Mas gostámos do que vimos.
É uma cidade que mostra bem que, tal como todo o país, também se encontra em reconstrução, depois de tudo o que passou, durante 50 anos, até 1989. E mostra também, todo o sentimento de magalomania que imperava em quem governava o país na altura: Nicolau Ceauşescu. Os palácios são monstruosos na sua enormidade e luxo; os teatros, ainda que discretos na sua presença nas ruas, ostentam uma grandiosidade fora do comum, para um país que passou tanta fome e privação; as igrejas, essas, são uma presença constante em cada rua que entramos e, se no exterior todas parecem iguais, por dentro nota-se a devoção de todo um povo que, se antes não podia manifestar-se, agora faz o sinal da cruz (ao contrário da nossa) sempre que passa próximo de uma, nem que seja no passeio do outro lado da avenida.
Neste momento, por coincidência, acabou, na SIC, um programa sobre os ciganos romenos e nem dá para imaginar a sensação que é saber mais um pouco da realidade do país que pisei há tão pouco tempo. Durante a semana que lá estivemos, vimos, muito de passagem, alguns ciganos. Mas não deu sequer para pensar que algum deles poderia ser daqueles que foram reenviados pelo governo francês. Este programa foi muito interessante. E ainda por cima, deu para perceber, perfeitamente, a semelhança entre as duas línguas. Não admira, pois, que quem venha para o nosso país, aprenda a falar português com grande facilidade. Quanto aos alunos que têm passado pela nossa escola, só podemos dizer bem. Não é à toa que foi mencionado o nível muito elevado na formação/educação na Roménia, como, aliás, pudemos também comprovar na escola que visitámos, e onde trabalhámos, em Galaţi.
Como é que um povo pôde viver (e ainda vive) na miséria, enquanto um homem se deu ao luxo de mandar construir um palácio para si e sua família – a Casa Poporului – destruindo, numa área enorme, milhares de casas, igrejas, um estádio de futebol, um mosteiro e dois hospitais. Hoje, para chegar ao local onde está construído, subimos uma avenida, que, para Ceauşescu, era os seus Champs Élysées… Na foto (1), apenas se vê uma das laterais da Casa Poporului e dá para imaginar como, na realidade, é a grandiosidade quando é visto de frente (2).
Para compreender bem o que é este lugar, o melhor é ver as fotos incríveis (aqui) , que foram tiradas numa visita que fizemos ao palácio, no nosso último dia em Bucareste.
(1) (2)
Neste último dia já estávamos acompanhados de alguns colegas de outros países, bem como os seus alunos. O nosso colega romeno (e amigo já há 6 anos, desde um curso Comenius em Norrköping, Suécia), Romeo Zamfir, serviu de cicerone pela cidade, o que facilitou um pouco as coisas. Mais tarde chegaram os outros parceiros e o grupo ficou completo e pronto para viajar, de camioneta, para Galaţi.
Deixo aqui algumas fotos que, por alguma razão ou outra, acho importante partilhar.
Alunos e professora da Turquia e alunas norueguesas Fui adoptada (mesmo!!!) pelas alunas turcas (se calhar por causa do tamanho)
Jardim à frente da Casa Poporului e Praça Constittutiei Grâdina Cişmigiu
Grâdina Cişmigiu
Os amigos turcos encontraram Ataturk na Roménia Qualquer semelhança é pura coincidência…
“-Foram todos para aquele lado…” (ai estes profs…) Japoneses… roam-se de inveja!
Seguir-se-ão novos postes… num blog próximo de si!